domingo, 15 de novembro de 2009

VOZES DA MORTE

Augusto dos Anjos

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte, inda teremos filhos!

Na minha opinião, o autor fala da morte como se fosse o envelhecimento dos tecidos e nervos, que a morte seria apenas uma passagem e no final sua semente deixada, no futuro, se transformaria em vida.

Fonte: biblio.com.br

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